terça-feira, 19 de novembro de 2013

- Não, eu não posso esperar até a chuva passar! Me deixa falar e depois você pode ir para onde quiser!
Eu não sei como isso aconteceu, quando começou, tampouco porquê. Eu sou danificada, sentimentalmente falando. Tenho problemas com relacionamentos, assusto todos que se aproximam, alguns antes mesmo de se aproximarem. E estou bem com isso. Mas você... você chegou de mansinho, sem nada além de um inocente convite para um sorvete como recompensa por eu ter te ajudado. E eu aceitei, afinal, que mal haveria nisso? Você estava sendo gentil, nada de mais.
Eu me encantei com o modo como você me tratou, como falou comigo. Mas depois passou, foi só um simples acaso. Ou não. Uns dias depois almoçamos juntos, você foi, novamente, querido, atencioso e divertido, porém eu continuei achando que não era nada de mais. E aí você disse que tinha gostado muito do almoço e da minha companhia. E nós almoçamos outra vez. E alguma coisa mudou. Você não era apenas gentil, havia mais do que aquilo, tenho certeza. E eu me deixei impressionar, me levar, afinal, não ia dar em nada.
O problema é que surgiu uma vontade louca de estar com você a maior parte do tempo possível. Logo, marcamos outro almoço. E você fez o que sempre faz, e eu não reparava em nada além do seu jeito de olhar, sorrir e falar. No dia seguinte conversamos durante um bom tempo, claramente avaliando o que consideramos importante em um namorado/a.
Mais uns dias e outro almoço. E só então a realidade me atingiu. Você é um amor, querido, gentil, divertido, atencioso porque esse é quem você é, “you're just too good to be true, can't take my eyes off of you”. E isso é tudo. Você veio como uma pessoa aleatória querendo ser gentil, e eu não percebi onde isso poderia ME levar. Eu não tive como te repelir ou me prevenir, você não representava risco algum! Eu sinto muito, mesmo. Eu sei que isso não passa de uma tremenda confusão unilateral, se passando apenas na minha cabeça oca. Só que agora não posso fazer mais nada. E é por isso que eu precisava falar contigo.
Eu adoro tua companhia, mas não posso continuar vivendo de migalhas. Eu deixei sentimentos nascerem e crescerem por você. Eu queria controlá-los, no entanto, não posso. Sinto muito, mesmo. É isso que eu estou sentindo, é por isso que nossas últimas conversas tem sido confusas. Eu não posso mudar o que aconteceu, e nem sei por que deixei isso acontecer. Como te disse, eu sou danificada, deixei o “guri gentil e atencioso” chegar perto demais, quando ele não queria nada além de ser gentil e atencioso. Desculpa.
- Era isso que estava te deixando tão inquieta?
- Uhum.
- Vem cá...
Eu sinto o mesmo.”